quarta-feira, 21 de julho de 2010

Depois do Vale dos Dinossauros agora é a Pedra do Ingá: A Itacoatiara do Ingá pede socorro


Por Juvandi de Sousa Santos (arqueólogo e coordenador do Laboratório de Paleontologia e Arqueologia)

Em recente visita a Pedra do Ingá juntamente com o fotografo e espeleólogo francês, Marcus Barboza, deparei-me, como de costume, com uma situação que considero como trágica; pois estamos tratando de um dos sítios arqueológicos de arte rupestre mais conhecidos do mundo.

Para minha surpresa e de Marcus encontramos o material em péssimo estado de conservação. Inexiste manutenção na área, no sentido de realizar alguma atividade para salvaguardar as peças fósseis do contato direto das mãos dos turistas e curiosos que visitam o local.

Em parceria com o prof. Dr. Márcio Mendes (paleontólogo da UEPB), realizamos a recuperação do material fóssil do pequeno museu de Paleontologia ali existente.

Recentemente, nos foi repassado um fêmur de Preguiça Gigante para um novo processo de restauro, pois o mesmo fora quebrado por um visitante, que o pegou nas mãos, deixando-o cair e esfarelar-se ao chão.

Nos últimos meses, o IPHAN doou ao local cordas e pequenos barretes para isolar a área onde se encontram os principais painéis com gravuras rupestres. Para nosso desencanto, as cordas estavam no chão, bem como as placas, também doadas pelo IPHAN, avisando aos visitantes da proibição do acesso aos painéis rupestres.

A meu ver, falta um trabalho de Educação Patrimonial na área e uma maior fiscalização por parte dos órgãos competentes. Como a coisa anda (ou seja, não anda), em poucos anos nossos descendentes não terão a mínima chance de vislumbrar as famosas gravuras da Pedra do Ingá. As mesmas serão contempladas nos velhos livros de História ou em alguma fotografia tirada por algum visitante em tempos remotos.

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