quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Exercícios para cérebros enferrujados

[Imagem meramente ilustrativa. Nada a ver com o texto (rs). Clique para ampliar]

De aorcdo com uma peqsiusa

de uma uinrvesriddae ignlsea,

não ipomtra em qaul odrem as

Lteras de uma plravaa etãso,

a úncia csioa iprotmatne é que

a piremria e útmlia Lteras etejasm

no lgaur crteo. O rseto pdoe ser

uma bçguana ttaol, que vcoê

anida pdoe ler sem pobrlmea.

Itso é poqrue nós não lmeos

cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa

cmoo um tdoo.

Sohw de bloa.

Fixe seus olhos no texto abaixo e deixe que a sua mente leia corretamente o que está escrito.

35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉ N5!

Programa habitacional ‘Minha Casa, Minha Vida’ impulsiona crescimento recorde da indústria da construção civil na Paraíba

A indústria da construção civil foi o segmento que mais cresceu entre as atividades econômicas na Paraíba, entre 2007 e 2008. O setor obteve crescimento de 21% no período e leva uma fatia de 5,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que atingiu R$ 25.697 bilhões em 2008. Os números foram divulgados, nesta quarta-feira (17), pelos Institutos de Desenvolvimento Municipal e Estadual (Ideme) e Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para se ter uma ideia da dimensão do crescimento econômico da indústria da construção civil, a taxa verificada pelo segmento, em 2008, foi quase três vezes maior que o mesmo índice em 2007, quando o setor alcançou uma taxa de 7,5% maior em relação a 2006.

A segunda atividade de melhor desempenho econômico, entre 2007 e 2008, na Paraíba, foi a intermediação financeira, seguros e previdência complementar. Esse grupo – que faz parte do segmento de serviços - cresceu 14,7% no período. Em terceiro lugar, aparece a agricultura, sivicultura e exploração florestal (agropecuária), com 10,6%. O setor de imóveis e aluguel, que faz parte do segmento de serviços, registrou elevação de 9,6% entre 2007 e 2008.

O analista sócio-econômico do IBGE, Jorge de Souza, explicou que programas públicos de habitação e liberação de crédito habitacional são as causas para o crescimento da construção civil na Paraíba. “Nós temos o Minha Casa, Minha Vida e outros programas federais que estão aquecendo a produção industrial. Além disso, a liberação de crédito para a compra da casa própria está fazendo com que a indústria da construção civil tenha expansão no Brasil”, detalhou.

Para o chefe do Departamento de Informações para o Planejamento do Ideme, Geraldo Lopes, o aquecimento econômico na indústria da construção civil acaba alavancando o desenvolvimento no setor de serviços prestados à população. “O aluguel de imóveis para residência e estabelecimentos comerciais, atividades de serviço, também crescem com a indústria da construção civil”, declarou.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Dia da Consciência Negra: Olurun Eke e a República incompleta


Poeta Solano Trindade

No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, "jeitinhos" em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como "coisa externa à nossa gente".

Por Gilson Caroni Filho*

Ao incluir o Dia da Consciência Negra no calendário escolar, a lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, não propiciou apenas um resgate da história dos povos negros. Foi bem além. Ensejou a necessidade de um novo olhar sobre culturas que, ao contrário da postulação ocidental, não colocam a questão da Verdade, de conteúdos absolutos e inarredáveis, de essências escondidas atrás de formas ou aparências. Sua riqueza é de outra ordem. E talvez este seja o significado mais profundo do dia 20 de novembro: memória e resistência como possibilidades históricas.

Para os que estudam a cultura afro-brasileira, é importante registrar a dinâmica de suas origens. Nelas, observamos uma espécie de culto da forma pela forma, algo como a valorização das dimensões plásticas. Seus mitos, rituais, danças, jogos e orações não remetem a quaisquer referências que lhes sejam exteriores, não expressam "outra coisa", não são aparências de uma essência. Portanto não podem ser “decifrados”, “interpretados" ou "descobertos", como ainda pretendem algumas de nossas teorias da cultura, herdeiras do ranço etnocêntrico do velho colonizador.

É o que apreciamos na aparentemente inconciliável visão de mundo que parece existir em alguns poetas negros, como Solano Trindade (1908-1974). Em versos como "A minha bandeira/ É da cor de sangue/ Olurun Eke/ Da cor da revolução/ Olurun Eke", há uma estranheza que parece apontar para ausência de sentido lógico. Pura ilusão. O que lemos são instantes culturais, sínteses de uma vida vivida, de um artista ao sentir a realidade trágica do que é ser negro, também no Brasil.

Na verdade, do ponto de vista dos afro-descendentes, as expressões artísticas são mais para serem percebidas sensorialmente, vistas com a Alma, do que para serem "entendidas". Existe, portanto, uma defasagem entre aquilo que se quer dizer de um lado, e o que se consegue transmitir na realidade. É exatamente neste espaço que o negro brasileiro consegue criar as coisas mais bonitas de sua produção simbólica e de maior valor para sua negritude.

Ser negro no Brasil de 2010 é, culturalmente, assumir a Alma Popular: é pensar a partir do ponto de vista do povo. É, sobretudo, estabelecer sintonia ideológica com as classes sociais que foram exploradas durante nossos 510 anos de história. O grande saque que se iniciou com a invasão portuguesa, por causa do pau-brasil, continuou e prosperou até depois da Independência, sempre a beneficiar os brancos. Consolidou-se com a Abolição/Proclamação da República, e continua até os nossos dias.

No terceiro milênio, da perspectiva do negro, a paz, objetivo perseguido por toda a espécie humana, passa necessariamente pela resolução dos problemas que o grande saque, ocidental e cristão, criou para a negritude. No Dia da Consciência Negra, é preciso repudiar a História do Brasil como um suceder de arranjos, combinações, "jeitinhos" em que o conflito nunca aparece ou, se vem à tona, é considerado como "coisa externa à nossa gente".

O processo de desestruturação do mito da “democracia racial” no campo teórico tem avançado muito nos últimos anos. Já no terreno social e da luta política, apesar das políticas públicas implementadas recentemente, o atraso ainda é considerável. Por isso, é necessário resgatar a memória histórica dos negros, em todos os tempos e sentidos. Olurun Eke, para que a República seja proclamada em definitivo.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil

O passado de Dilma sob o ponto de vista de seus algozes

Por 10 votos a um, o Superior Tribunal Militar concedeu à Folha de S. Paulo o acesso aos autos do processo que levou a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) à prisão, na ditadura (1964-85). Inicialmente negado pelo presidente do STM, Carlos Alberto Soares, sob a alegação de querer evitar o uso político dos documentos, o acesso foi liberado agora pelo plenário do STM, por se trata de um “processo histórico”.

A advogada da Folha, Taís Gasparian, declarou que foi "uma vitória não só da Folha, mas de toda a sociedade". "O STM honrou com sua tradição liberal. É uma vitória um pouco óbvia, já que esse processo jamais poderia ficar sob sigilo."

O jornal terá acesso ao Processo assim que a decisão tomada ontem for publicada no Diário Oficial, o que ocorrerá nos próximos dias.

O direito do jornal acessar os documentos sobre a prisão de Dilma não lhe diminui a responsabilidade de informar que se trata de um “processo” conduzido por um governo ditatorial (não por uma “Ditabranda”), sem qualquer compromisso com a legalidade e, portanto, também sem nenhum compromisso com a verdade. É como se fossemos buscar nos arquivos dos nazistas provas contra judeus.

Dilma estava no campo oposto ao Regime Ditatorial. Isso por si só já deve ser motivo de orgulho. Orgulho este que boa parte de nossa mídia, inclusive a Folha, não pode ostentar, já que os meios de comunicação patrocinaram o golpe e, durante muito tempo, deram sustentação à ditadura.

P.S 1: Independente do que vá se encontrar nesses processos, realizados sob um regime ditatorial, a notícia, se divulgada no período eleitoral, seria um prato feito para opositores de Dilma. Um componente a mais para a campanha sórdida feita por setores conservadores da sociedade, que exploraram a religiosidade e a boa fé do povo brasileiro com objetivos unicamente eleitorais.

P.S 2: Há, infelizmente, uma turma de órfãos da Ditadura. Essa turma que diz que a eleição de Dilma é uma ameaça à democracia, que estamos caminhando para um “regime comunista”. Discursos retrógrados que motivaram o golpe de 1964, que, sob o pretexto de salvar o país da “ameaça comunista", nos jogou nos anos de chumbo, quando qualquer um de nós que fala a bobagem que quiser pela internet poderia ser considerado subversivo.

PS. 3. Recordar é viver. Esse episódio me lembrou a participação de Dilma na CCJ do Senado, quando foi criticada pelo senador José Agripino Maia (DEM-RN), por, tempos antes, ter dito em uma entrevista que mentira sob a ditadura. Nele, Dilma explica as diferenças entre o Regime Democrático e a Ditadura. Encontrei na Internet um artigo interessante do professor Vinicius Cabral, que explica bem o caso e reproduz e transcreve as falas de Dilma. Chamo atenção para a fala final de Dilma, ao lembrar que ela e Agripino “estavam em momentos diferentes de suas vidas”. Agripino serviu à ditadura, tendo sido no final da década de 1970 prefeito nomeado de Natal.


Leia também o texto publicado no Conversa Afiada

Abaixo, o vídeo do dia inesquecível em que Dilma colocou o senador José Agripino Maia, também chamado de "Agripino Culatra", no seu devido lugar:

O ódio da Globo/RBS contra os pobres: “qualquer miserável agora tem carro”


Fascismo direto na veia, digo na TV Globo/RBS (Santa Catarina)

Como se confere no YouTube (vídeo acima), para o fascista Luís Carlos Prates governo com 80% de aprovação popular e ampla maioria de votos eleitorais é espúrio por possibilitar moradia aos cidadãos e garantir o direito de ir e vir.

Legítimos são os governos eleitos por votos condicionados pela mídia, como os que elegeram no estado o candidato da coligação formada por políticos sob suspeita de ligação ao tráfico internacional ou por agentes e promotores de especulação empresarial em áreas de preservação ambiental e superfaturamento em contratações de astros internacionais.

Luís Carlos Prates prejulga que pessoas pobres não se suportam e não lhes reconhece o direito de saírem de suas casas onde deveriam se manter sobre prisão domiciliar.

Para o fascista, os pobres só poderiam se afastar da senzala para trabalhar através do deficitário sistema de transporte coletivo, pois atropelam as pessoas com seus automóveis adquiridos pela democratização da economia por um governo que considera espúrio.

Já a mãe de família atropelada na porta de sua casa no tranquilo bairro do Ratones e que há mais de uma década está em cadeira de rodas sem nunca ter recebido qualquer ajuda da família de quem a atropelou, para o fascista trata-se de caso natural. Afinal, a família é daquelas a quem Prates considera governo legítimo.

Não é de hoje que Prates alardeia suas convicções e conclusões fascistas.

Fazendo coro a grande maioria de seus colegas, tem seu espaço garantido, há muitos anos, nas transmissões e publicações do anticonstitucional monopólio dos Sirotsky, sócios da família Marinho (Rede Globo).

Comentando a condenação à uma professora de outra região do país, certa vez o fascista escandalizou-se pela reprovação nacional ao ato da professora de trancafiar uma criança de 8 anos de idade por 6 horas em quarto escuro. Para Prates, é assim mesmo que se procede com “insubordinadozinhos”.

Como autêntico fascista, Luís Carlos Prates não distingue educando de soldado e educador de sargento. Mas não há nada que o indigne no estupro impune de uma menina de 14 anos pelo filho de seu patrão, o dono da RBS em Santa Catarina, com a participação do neto do então governador. Afinal, aquele é um governo legitimado pelos fascistas da RBS.

Na Alemanha, na Itália, na França, na Espanha e qualquer outro país algum dia dominado por fascistas ou nazistas como Luís Carlos Prates e o grupo ao qual representa, hoje e desde o final da Segunda Guerra a liberdade de imprensa é absoluta, mas coíbe-se manifestações de tal cunho idiológico.

Ou o governo brasileiro, considerado espúrio por este fascista escarrado, toma uma providência quanto aos empregadores desses obscurantistas, ou breve cairemos na mesma barbárie que se difundiu pela Europa nos anos 40 do século passado.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vídeo sensacional: Marcelo Adnet detona os eleitores elitistas no Comédia MTV

Tucano sofre em Miami com os pobres do Brasil

O comediante Marcelo Adnet, em seu programa Comédia MTV, ironiza parcela do eleitorado de José Serra nas Eleições 2010 que se destacou por suas opiniões preconceituosas. O quadro passou no programa do dia 10 de novembro de 2010.


Vídeo publicado no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, por sugestão do amigo blogueiro José Carlos, do Com Texto Livre

E o Sertão vai virar... Petróleo. Exploração de petróleo no sertão da Paraíba dará maior impulso na renda, educação e saúde


As cidades de São João do Rio do Peixe, Santa Helena e Triunfo, no Alto Sertão da Paraíba, poderão ser os municípios com maior progresso e potencial de desenvolvimento na Paraíba nos próximos anos. Essa é a perspectiva de especialista do setor industriário e pesquisadores do setor petrolífero, que apontam a exploração do “ouro negro” como uma alavanca para a economia local. Essas cidades poderão figurar entre municípios como Macaé (RJ) e Mossoró (RN), indicados pelo Índice Firjan de Desenvolvimento dos Municípios 2010 (IFDM) como os mais promissores em seus respectivos Estados.

A expectativa de desenvolvimento que chega à população paraibana com as primeiras equipes da Petrobrás para explorar o petróleo na região é semelhante à do professor dos cursos de Engenharia de Minas e Engenharia de Petróleo da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), José Agnelo Soares. O professor, que já iniciou as pesquisas sobre o petróleo na região a pedido da Petrobrás, adiantou que o recurso mineral do solo paraibano tem qualidade semelhante àquela encontrada no petróleo explorado no solo do Rio Grande do Norte.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep), Buega Gadelha, destacou que o pagamento das royalties (parcela paga aos proprietários de terra pelos direitos de exploração do petróleo) são um dos principais fatores que contribuirão para o desenvolvimento local.

A vida na paisagem seca

É comum nessa época do ano aqui no Nordeste a predominância de uma paisagem ressequida - apesar do início da pré-temporada de chuvas no sertão - fazendo jus ao significado indígena da nossa Caatinga: “mata branca”. A vegetação fica praticamente esbranquiçada, desfolhada, parecendo sem vida.

Mesmo diante deste cenário seco, é nesta época que surgem os belos ipês floridos, ou como chamamos por aqui, os paus d’arcos. Sobre eles falarei em outra ocasião, pois gostaria de partilhar agora com vocês algumas imagens do meu sublime torrão. Imagens que tirei com o celular durante o percurso até o trabalho.

Diante de uma paisagem árida, seca, podemos perceber o despertar da vida no Bioma Caatinga, ou de que ainda resta dela devido à ação predatória do homem durante séculos de exploração, a qual ainda permanece.


P.S. Perdoem-me a falta de “intimidade” com a câmera. Sou um simples fotógrafo amador. (rs)

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Colônia, Monarquia, República: pactos de elite na história brasileira


Tivemos a proclamação da República mais de seis décadas depois da independência, porque esta nos levou de Colônia à Monarquia pelas mãos do monarca português, que ainda nos ofendeu, com as palavras – que repetíamos burocraticamente na escola- “antes que algum aventureiro o faça”. Aventureiros éramos nós, algum outro Tiradentes, ou algum Bolívar, Artigas, Sucre, San Martin O´Higgins, que lideraram revoluções de independência nos seus países, expulsando os colonizadores em processos articulados dos países da região.

Foi o primeiro pacto de elite da nossa história, em que as elites mudam a forma da dominação, para imprimir continuidade a ela, sob outra forma política. Neste caso, impôs-se a monarquia. Tivemos dois monarcas descendentes da família imperial portuguesa, ao invés da República, construindo estados nacionais independentes, expulsando os colonizadores ao invés do “jeitinho” da conciliação.

Como sempre acontece com os pactos de elite, o povo é quem paga o seu preço. Enquanto nos outros países do continente, as guerras de independência terminaram imediatamente com a escravidão, esta se prolongou no Brasil, fazendo com que fossemos o último país a terminar com ela, prolongando-a por várias décadas mais. Nesse intervalo de tempo foi proclamada a Lei de Terras, de 1850, que legalizou – mediante a grilagem, aquela falcatrua em que o documento forjado é deixado na gaveta e o cocô do grilo faz parecer um documento antigo – todas as terras nas mãos dos latifundiários. Assim, quando finalmente terminou a escravidão, não havia terras para os escravos, que se tornaram livres, mas pobres, submetidos à exploração dos donos fajutos das terras.

Dessa forma, a questão colonial se articulou com a questão racial e com a questão agrária. Esse pacto de elite responde pelo prolongado poder do latifúndio e pela discriminação contra a primeira geração de trabalhadores no Brasil, os negros que, trazidos à força da África vieram para produzir riquezas para a nobreza européia como classe inferior. Desqualificava-se ao mesmo tempo o negro e o trabalho.

A República foi proclamada como um golpe militar, que a população assistiu “bestializada”, segundo um cronista da época, sem entender do que se tratava – o segundo grande pacto de elite, que marginalizou o povo das grandes transformações históricas.

*Emir Sader. Sociólogo e cientista político.

"Para os [jovens] da classe média e alta, passamos a mão na cabeça. Para os pobres, passamos bala."

Por Leonardo Sakamoto

Na Paulista, com uma lâmpada fluorescente

“Um grupo de cinco jovens de classe média, estudantes de um colégio particular, foi preso ontem acusado de atacar quatro pessoas na região da avenida Paulista. A polícia diz haver indícios de motivação homofóbica. As agressões foram realizadas através de chutes, socos e com bastões de lâmpadas fluorescentes.”

Se eles fossem de classe social mais baixa, certamente alguns textos que apareceriam na imprensa teriam uma cara sutilmente diferente:

“Uma quadrilha composta por menores da favela do Macaco Molhado foi presa ontem ao atacar quatro pessoas na região da avenida Paulista. A polícia diz que a motivação foi claramente homofóbica. As agressões eram feitas com chutes, socos e até com bastões de luz branca.”

Rico é jovem, pobre é bandido. Ao rico, o direito à dúvida (o que deveria ser o padrão, sem julgamentos sumários), ao pobre o tiro implacável da certeza. Um é a criança que fez coisa errada, o outro um monstro que deve ser encarcerado. O pai de um deles ontem, num momento difícil, minimizou, dizendo que eram apenas crianças que estavam chorando na delegacia, trancafiados como bandidos.

Há jornalistas e veículos de comunicação que não fazem diferenciação pelo tamanho da carteira. Se a pessoa é rica ou pobre, tratam-na da mesma forma quando acusada de um crime. Outros, não. Seja pela falta de seguir um manual de redação decente, pela inexistência de autocrítica ou pela subserviência com uma elite local, utilizam um “dois pesos, duas medidas” claramente baseada na origem social.

Tenho minhas dúvidas de como a notícia sairia se fosse diferente. Provavelmente, na hora em que o estagiário que faz a checagem das delegacias se deparasse com a informação, ouviria algo assim: – Pobre batendo em pobre? Ah, acontece todo dia, não é notícia. Além disso, é coisa deles com eles. Então, deixem que resolvam. Amigos que trabalharam em uma rádio desse Brasil grande sem porteira já ouviram algo muito parecido, mas mais cruel… É triste verificar mais uma vez que o conceito de notícia depende de qual classe social pertencem os protagonistas. Somos lenientes com os nossos semelhantes e duros com os outros.

Tempos atrás, um grupo de jovens de classe média espancou uma empregada doméstica no Rio de Janeiro. Sob justificativa de que acharam que era uma prostituta. Ah, bom, assim tudo bem… A desculpa é bastante esclarecedora. Puta pode. Assim como índio e mendigo. Lembram-se do Galdino, que morreu queimado por jovens da classe média enquanto dormia em um ponto de ônibus em Brasília? Ou a população de rua do Centro de São Paulo morta a pauladas também enquanto dormia? Até onde sabemos, apesar dos incendiários brasilienses terem sido presos, eles possuem regalias, como sair da cadeia para passear. E na capital paulista, o crime permanece impune até hoje.

Na prática, as pessoas envolvidas nos casos do Rio, São Paulo e Brasília apenas colocaram em prática o que devem ter ouvido a vida inteira: gays, prostitutas, índios e mendigos são a corja da sociedade e agem para corromper os seus valores morais e tornar a vida dos cidadãos de bem um inferno. Seres que vivem na penumbra e nos ameaçam com sua existência, que não se encaixa nos padrões estabelecidos. E por que não incluir nesse caldo as empregadas domésticas, que existem para servir?

A sociedade tem uma parcela grande de culpa em atos como esse e os dos jovens que se tornam soldados do tráfico por falta de opções e na busca por dignidade. A culpa não é só deles.

Como já disse aqui anteriormente, a diferença é que para os da classe média e alta, passamos a mão na cabeça. Para os pobres, passamos bala.

Proclamação da República



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O processo histórico em que se desenvolveu o fim do regime monárquico brasileiro e a ascensão da ordem republicana no Brasil perpassa por uma série de transformações onde visualizamos a chegada dos militares ao poder. De fato, a proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em diferentes revoltas onde a opção republicana dava seus primeiros sinais. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a monarquia.

Podemos destacar a importância do processo de industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto fatores de mudança sócio-econômica. As classes médias urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam ampliar sua participação política através de uma nova forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram do pensamento positivista, defensor de um governo republicano centralizado.

Além dessa demanda por transformação política, devemos também destacar como a campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o regime monárquico. Vários entusiastas da causa abolicionista relacionavam os entraves do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma opção viável para muitos daqueles que combatiam a mão-de-obra escrava.

Até aqui podemos ver que os mais proeminentes intelectuais e mais importantes membros da elite agro-exportadora nacional não mais apoiavam a monarquia. Essa perda de sustentação política pode ser ainda explicada com as conseqüências de duas leis que merecem destaque. Em 1850, a lei Eusébio de Queiroz proibiu a tráfico de escravos, encarecendo o uso desse tipo de força de trabalho. Naquele mesmo ano, a Lei de Terras preservava a economia nas mãos dos grandes proprietários de terra.

O conjunto dessas transformações ganhou maior força a partir de 1870. Naquele ano, os republicanos se organizaram em um partido e publicaram suas idéias no Manifesto Republicano. Naquela altura, os militares se mobilizaram contra os poderes amplos do imperador e, pouco depois, a Igreja se voltou contra a monarquia depois de ter suas medidas contra a presença de maçons na Igreja anuladas pelos poderes concedidos ao rei.

No ano de 1888, a abolição da escravidão promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o último suspiro à Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que justificavam a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da sociedade brasileira do século XIX. Os clubes republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela mesma época diversos boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros da Guarda Nacional.

A ameaça de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para que o Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra. Segundo alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da Guerra. No entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e proclamar a República.

O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a proclamação foi conseqüência de um governo que não mais possuía base de sustentação política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de forma bestializada.

Rainer Sousa
Historiador


Música: Leopoldo Miguez (1850/1902)

Letra: Medeiros e Albuquerque (1867/1934)
Orquestra Sinfônica de São Paulo - OSESP - & Coro
Cond.: John Neschling

Seja um pálio de luz desdobrado.
Sob a larga amplidão destes céus
Este canto rebel que o passado
Vem remir dos mais torpes labéus!
Seja um hino de glória que fale
De esperança, de um novo porvir!
Com visões de triunfos embale
Quem por ele lutando surgir!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Nós nem cremos que escravos outrora
Tenha havido em tão nobre País...
Hoje o rubro lampejo da aurora
Acha irmãos, não tiranos hostis.
Somos todos iguais! Ao futuro
Saberemos, unidos, levar
Nosso augusto estandarte que, puro,
Brilha, ovante, da Pátria no altar!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Se é mister que de peitos valentes
Haja sangue em nosso pendão,
Sangue vivo do herói Tiradentes
Batizou este audaz pavilhão!
Mensageiros de paz, paz queremos,
É de amor nossa força e poder
Mas da guerra nos transes supremos
Heis de ver-nos lutar e vencer!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Do Ipiranga é preciso que o brado
Seja um grito soberbo de fé!
O Brasil já surgiu libertado,
Sobre as púrpuras régias de pé.
Eia, pois, brasileiros avante!
Verdes louros colhamos louçãos!
Seja o nosso País triunfante,
Livre terra de livres irmãos!

Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Do Com Texto Livre

domingo, 14 de novembro de 2010

"Mormaço", com Paralamas do Sucesso e Zé Ramalho

Neste domingo as vésperas do feriado da República coloco a disposição um dos melhores vídeo-clips de música que já assisti. Estrelando a canção “Mormaço” do grupo Paralamas do Sucesso com a participação especial de Zé Ramalho é coisa para não pra deixar de ver.

A efetiva consonância refletida da musicalidade com a real situação da vida dura nordestina é a principal característica da música. Sem falar da qualidade da produção que dispensa comentários.


O meu Brasil é com "S"

Texto de José Sócrates
Primeiro-Ministro de Portugal

Lula era o homem certo; sem complexos ou desfalecimentos, o antigo sindicalista esperou e preparou longamente o encontro com o seu povo.

Raros são os políticos que dão o seu nome a um tempo. Os "anos Lula" mudaram o Brasil. É outro país: mais desenvolvido economicamente, mais avançado tecnologicamente, mais justo socialmente, mais influente globalmente.

Uma democracia mais consolidada, uma sociedade mais coesa e mais tolerante. Sabemo-lo hoje: no Brasil, o século 21 começou em 1º de janeiro de 2003, o dia inaugural da Presidência de Lula.

Quero ser claro: Lula mostrou que a esquerda brasileira sabe governar. Causas, sim, mas competência também; princípios políticos, mas também eficácia técnica; realismo inspirado por ideais que nunca se perderam.

Este presidente, oriundo do PT, deu à esquerda brasileira credibilidade, modernidade, força e maturidade. A grande oportunidade da sua eleição não foi uma promessa incumprida ou um sonho desfeito.

Ao contrário, com Lula, a esquerda ganhou crédito e consistência; o Brasil, reputação e prestígio.

Sou testemunha das reservas, se não do ceticismo, com que a "intelligentzia" recebeu a eleição de Lula da Silva. Hoje, na hora do balanço, a descrença transmutou-se em aplauso; a expectativa, em admiração. É essa a "alquimia" Lula.

Os números falam por si: crescimento econômico, equilíbrio financeiro, reputação nos mercados, milhões de pessoas arrancadas à extrema pobreza, salto inédito na educação e na formação profissional, melhoria do rendimento que alargou e consolidou a classe média brasileira.

Lula era o homem certo. A sua história pessoal e política permitiu dar à esquerda uma nova atitude e ao Brasil um novo horizonte. Sem complexos e sem desfalecimentos, o antigo sindicalista esperou e preparou longamente o encontro com o seu povo. Se falhasse, não falharia apenas ele: falharia um ideal, um sonho, um projeto, esperança do tamanho de um continente.

Foi também nesses anos vitais que o Brasil se afirmou como o grande país que é. "Potência emergente", como é habitual dizer, assume-se -e vai se assumir cada vez mais- como um dos grandes países que marcam o mundo contemporâneo. Pela sua grandeza e pela sua energia, tem tudo o que é necessário para isso.

Portugal tem orgulho deste grande país, com quem partilha uma língua, uma fraternidade, um passado, um presente e um futuro. Tudo isso queremos valorizar e projetar: aos sentimentos que nos unem, juntamos os interesses que nos são comuns; à memória conjunta associamos visão partilhada do futuro.

Para Portugal e para todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a importância do Brasil no mundo do século 21 é um motivo de alegria e uma riqueza imensa, com potencialidades em todos os planos: econômico, cultural, linguístico, político, geoestratégico.

O Brasil dos entreguistas é com "Z"

A vida política de Lula é uma longa corrida feita com ritmo, esforço, persistência. As palavras que ocorrem são tenacidade e temperança, clássicas virtudes da política. Tenacidade para fazer de derrotas passadas vitórias futuras. Temperança que lhe ensinou a moderação, o equilíbrio e a responsabilidade que o tornaram o presidente que foi.

Na hora da despedida, quero prestar-lhe, em meu nome pessoal e em nome do governo português, uma homenagem feita de amizade, reconhecimento e admiração. Lembro os laços que firmamos, os projetos que comungamos, os encontros que tivemos, nos quais se revelou, invariavelmente, um grande amigo de Portugal.

Lembro, em especial, o trabalho que desenvolvemos para que durante a presidência portuguesa da União Europeia fosse possível a realização da primeira cúpula UE-Brasil, um ponto de viragem nas relações entre a Europa e o Brasil.

Na passagem do testemunho à presidente eleita, Dilma Rousseff, que felicito vivamente e a quem desejo as maiores felicidades, renovo a determinação de prosseguirmos juntos e reafirmo, na língua que nos é comum, o nosso afeto e a nossa gratidão. Mais do que nunca, "o meu Brasil é com "S'". "S" de Silva.

Lula da Silva. Saravá!
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No Blog do Favre
Com o Blog do Celso Jardim

Jornal Folha de São Paulo defende Mayara Petruso, estudante de Direito que difundiu racismo e preconceito contra os nordestinos na internet


Dois títulos e um só preconceito

Por Eduardo Guimarães

É ilegal, inconstitucional e pervertido o que fez a Folha de São Paulo na quinta (11) e na sexta-feira (12). Publicou dois textos cujos títulos denunciam seus autores. Ambos foram publicados na seção Tendências / Debates, na página A3. L

Leandro Narloch (dia 11) é jornalista e autor do livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” (LeYa). Foi repórter do “Jornal da Tarde” e da revista “Veja”. Seu texto tem como título “Sim, eu tenho preconceito”.

Janaina Conceição Paschoal é advogada e professora associada de direito penal na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Seu texto tem como título “Em defesa da estudante Mayara”.

Para sintetizar, excluindo o monte de bobagens preconceituosas e alguns dados – como descreveu uma leitora – “torturados”, Narloch rebelou-se contra o direito de voto aos nordestinos mais pobres difamados na internet por supostamente não entenderem de política, e Paschoal afirmou que quem inspirou Mayara a pregar assassinato de nordestinos foi Lula, argumentando para que não a punam por isso.

Não importa o que digam para tentarem dizer que não disseram o que efetivamente foi dito. Os títulos dos seus textos denotaram o que pensam. Um tem preconceito e a outra quer defender Mayara. Enfim, ambos distorcem fatos enquanto tentam dissimular o que escancaram num paradoxo absolutamente esquizofrênico. Qual é o limite para o que um meio de comunicação pode fazer para aparecer e/ou para propugnar as idéias mais degeneradas que acalenta?

Quando a Folha ataca Lula, diz que ele é assassino, estuprador, cachaceiro, “tudo bem”. Lula é o presidente da República e, assim, tem muitos meios de reagir. Muitos mais do que supõe o jornal, como por exemplo um apoio dos “nordestinos” que vai além da idolatria e se fixa na racionalidade e na politização mais completas. Agora, quando a Folha ajuda a difundir concordância e proteção a idéias racistas, segregacionistas, difamatórias, desumanas, assassinas, no mínimo, aí passa dos limites. De qualquer limite aceitável em uma sociedade que se pretenda civilizada.

O fato é que não se pode concordar mais com esse tipo de atitude. Na última quinta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, participei de um ato público que ajudei a promover e que fiz de tudo para difundir desde a noite de 31 de outubro, quando o racismo explodiu de vez na internet. Foi um ato de desagravo aos nordestinos.

Não quis propugnar um ato de criminalização de ninguém, nem de confrontação, nem de politização do problema. No Blog da Cidadania – que, conjunturalmente, encontra-se na UTI virtual por excesso de tráfego, mas que volta ao bom combate na próxima terça –, defendi que fosse um ato de solidariedade.

O resultado foi que o racismo recrudesceu e ganhou roupagens de vítima daqueles que o combatem. Por isso, penso que está na hora de o Movimento dos Sem Mídia, Organização que presido, propor atitudes de confrontação ao crime ideológico organizado. Não nos furtaremos ao papel que a história tem nos delegado.


Cinquenta líderes políticos e sociais teriam sido assassinados no início do governo de Juan Manuel Santos

O Partido Polo Democrático Alternativo (PDA) denunciou nesta quarta que ao menos cinquenta líderes políticos e sociais foram assassinados na Colômbia nos noventa primeiros dias do governo do presidente Juan Manuel Santos. E afirmou que essas mortes são consequência da crise humanitária que vive a nação sulamericana.

A presidente do PDA, Clara Lopes, disse em comunicado apresentado ao Comitê Executivo Nacional (CEN) que as vítimas são políticos de esquerda, sindicalistas, dirigentes sociais, camponeses, indígenas e jovens, assim como defensores dos direitos humanos para a população homossexual e crianças.

Vejam mais detalhes em REVISTA FÓRUM

48 horas de mobilização midiática contra a construção do muro na Palestina



Derrubar o muro na Palestina

Por Soraya Misleh, na Ciranda

Na mesma semana em que movimentos protestam no mundo contra o muro do apartheid na Palestina, celebra-se a queda do Muro de Berlim – em 9 de novembro de 1989. Em sua 8ª edição, a iniciativa, coordenada pelo movimento Stop the Wall, segue até dia 16, contando com maratona midiática que teve início à zero hora de ontem (12) e terá duração de 48h ininterruptas. Durante o período, mídias alternativas do mundo todo têm se mobilizado para vencer a árdua batalha no campo da informação e contribuir, assim, para abalar os alicerces da enorme barreira na Cisjordânia.

Tal, como lembrou o historiador André Gattaz em artigo de sua autoria intitulado “Ilusões sobre o processo de paz na Palestina”, trata-se na verdade de “um complexo de fortificações composto por muros, cercas, fossos, barreiras, portões de controle, torres de segurança e equipamentos de vigilância eletrônica, orçado em mais de um milhão de dólares o quilômetro”. Ainda conforme o especialista, “embora o governo israelense denomine-o ‘cerca de segurança’, vem sendo conhecido no restante do mundo como ‘muro da vergonha’ ou ainda ‘muro do apartheid’, numa triste recordação dos tempos do apartheid que separava negros e brancos na África do Sul, ou do muro de Berlim que simbolicamente separava o comunismo do capitalismo, e que com tanto simbolismo foi derrubado”. Aliás, sua altura e extensão superam consideravelmente este último. Ainda em construção, desde 2002, mede cerca de 700km e tem aproximadamente 9m de altura. O de Berlim, levantado em 1961, tinha em torno de 155km e 3m.

O muro na Cisjordânia tem anexado terras e impedido os cidadãos palestinos do direito elementar de ir e vir – à escola, aos hospitais, ao trabalho. O Tribunal Internacional de Haia declarou a construção ilegal em 2004, recomendando sua derrubada imediata e a reparação dos danos que vem causando. Mais ainda, vaticinou: “Todos os estados têm a obrigação de não reconhecer a situação ilegal resultante da construção do muro e não dar auxílio ou assistência para manter a situação criada por tal construção; todos os estados signatários da Quarta Convenção de Genebra relativa à Proteção de Civis em Tempos de Guerra, de 12 de agosto de 1949, têm, além disso, a obrigação, enquanto respeitam a Carta das Nações Unidas e a lei internacional, de exigir de Israel o cumprimento da lei humanitária internacional incorporada naquela Convenção…”

Como lembra Gattaz no mesmo artigo, o Brasil, como signatário da Convenção de Genebra, aí se inclui. Portanto, se não por razões humanitárias, em cumprimento à lei internacional, não pode se calar diante da opressão e da injustiça.

O tio Mickey se orgulha de vocês! Bem-vindos à luta de classes!


Ontem à tarde, em Santa Maria, região central do estado do Rio Grande do Sul, aconteceu uma manifestação de estudantes que frequentam cursinhos de ensino privado de nível pré-universitário. O ótimo vídeo acima (feito pelo Diário de Santa Maria/RBS) mostra quem são esses alunos, todos brancos e filhos da classe média capacitada a pagar ensino privado para os seus filhos e filhas. Veja se você encontra um/a negro/negra nesta multidão de branquinhos com indumentária up to date e de griffe? Procure bem. Veja de novo. Essa rapaziada tem cheiro de Mickey Mouse, no entanto, protestam contra a Universidade Federal de Santa Maria para que a política de cotas seja revista e rejeitada pela Reitoria.

É disso que se trata: luta de classes e, sobretudo, luta de raças.

Hoje pela manhã, tivemos informação que alunos dos cursos privados Universitário, Unificado e Anglo estão visitando escolas públicas da rede estadual de ensino de Porto Alegre visando mobilizar estudantes para uma grande manifestação contra o Enem, nos próximos dias. A coisa tem cheiro de pau-mandado.

É de estranhar que - subitamente - desperte a chama da indignação política em alunos de cursinhos pré-universitários, sabidamente virgens do espírito combativo do reconhecido e autêntico movimento estudantil brasileiro, vanguarda permanente em todas as grandes lutas políticas do Brasil, nos últimos setenta anos (desde 1937, pelo menos, quando da fundação da UNE).

De qualquer forma, é de se estimular a politização dos estudantes da direita brasileira, mesmo que estejam claramente instrumentalizados pelos interesses (ocultos) dos proprietários de escolas privadas de ensino, em todos os graus. O debate aberto e sincero, o conflito mesmo, entre os interesses que se chocam neste episódio do Enem é o melhor caminho para as soluções estratégicas de que necessita a nossa política educacional.

Estudantes brancos, filhinhos de papai e alienadinhos de todo o gênero: bem-vindos à luta de classes! O tio Mickey se orgulha de vocês!

 

Paraíba sediará o 11º Encontro Nacional de Capoeira 2010


A Paraíba estará sediando em João Pessoa e Campina Grande de 18 a 21 de novembro o 11º Encontro Nacional de Capoeira.

O evento vai reunir participantes de todos os estados do país com a presença de inúmeros Mestre de renome na Capoeira entre eles Mestre Pinatti, Mestre Hilk, Mestre Kall, Mestre Pavão, Mestre Courisco e outros.

O evento tem a organização da Associação de Capoeira Terra Firma e o apoio do Governo do Estado através da FUNAD, além da parceria de diversas empresas privadas.

Confira a Programação completa do evento e na íntegra no Portal Expresso PB (Click Aqui).
 
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