Por Júnior Miranda
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Hoje, 05 de agosto de 2010, a Paraíba completa 425 anos de fundação. A cidade de João Pessoa também celebra neste dia a data de sua fundação, sendo a 3ª capital mais antiga do Brasil.
Muitos paraibanos devem conhecer bem a história oficial propagada há anos nas escolas públicas do Estado. Outros tantos paraibanos, nem sabem o que se comemora neste dia. Talvez a palavra correta não seja “comemorar”, apenas “rememorar” fatos de um passado distante, e para muitos, apenas isso, um passado distante. Nada mais.
Mas, o que conta a história oficial da Paraíba?
A história oficial enaltece as grandes e várias expedições realizadas pelos portugueses desbravadores dos sertões, combatendo os selvagens índios potiguaras, abrindo caminhos pela Serra da Copaóba ou Ocupaóba, em direção ao interior da Capitania da Paraíba.
A história oficial louva a atitude covarde de Piragibe, índio Tabajara que decidiu unir-se aos portugueses, em nome da paz, para combaterem os resistentes Potiguaras do litoral norte paraibano.
A história oficial destaca os “heróis” bandeirantes vindos de São Paulo, que praticaram uma verdadeira carnificina contra os bravos, esses sim, índios Cariris, também chamados de Tapuias, no semi-árido paraibano e nordestino.
O que mais a história oficial conta? Estou cansado dessas histórias “oficiais”. Das homenagens aos grandes vultos da Paraíba. Dos bustos em louvores a personagens políticos nas praças públicas.
Gostaria de ver contada, discutida, problematizada, nas escolas, nas praças, entre os jovens estudantes, entre os idosos, até mesmo nas famílias, uma outra história, não apenas a história oficial.
Por que não se dá ênfase a história dos camponeses explorados pelos proprietários de terras? Dos donos de engenho que estupravam as escravas e depois iam rezar nas capelas do engenho? De religiosos farisaicos que legitimaram a exploração aos pobres? Das oligarquias políticas que empobreceram o povo paraibano?
Nestes 425 anos de fundação da Paraíba, o que nós, paraibanos, discutindo sobre o nosso passado, poderemos modificar nosso presente em vista da construção, num futuro próximo, de um estado desenvolvido?
Vamos continuar neste atraso social e econômico em comparação a outros estados nordestinos?
Teremos a ousadia de dar um grande salto sócio-político e econômico neste Estado cansado de práticas arcaicas?
Eu quero contar para os meus filhos uma história diferente. Uma história de mudança, de rebeldia do povo paraibano contra as práticas atrasadas. Não quero contar mais uma “história oficial” dos “vencedores”.
Paraibanos, se rebelem. Honrem os nossos ancestrais, os bravos Potiguaras e Tapuias. Dessa vez, lutem com as armas da democracia. Não se acovardem. Uma outra e nova história para a Paraíba é possível. Não esta “oficial”.
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