O resultado da exumação feita no corpo de Aryane Thaís Carneiro de Azevedo não identificou a presença de qualquer fármaco que pudesse ter sido utilizado para dopar a estudante no momento da morte dela.
A informação é da delegada Iumara Gomes, responsável pelo caso. Ela recebeu as conclusões do exame toxicológico no final da tarde desta sexta-feira (18) e atentou que as informações não devem alterar o rumo do processo.
Contudo, de acordo com a delegada, a confirmação da presença de três fios de cabelo de Aryane, ainda com bulbo, no carro do estudante de Direito, Luís Paes de Araújo Neto, reforça as suspeitas dele ter cometido o crime. “Agora estou ainda mais convicta de que foi ele”, assegurou.
O corpo de Aryane – encontrada morta na manhã do último dia 15 de abril – foi exumado em 1º de junho, após solicitação do promotor de Justiça, Alexandre Varandas, com objetivo de constatar se a estudante havia sido dopada pouco antes de ser assassinada.
“Os peritos atentaram que o formol utilizado nos procedimentos cadavéricos e o processo de decomposição do corpo podem ter prejudicado no reconhecimento de um possível fármaco utilizado para dopar a vítima. Sendo assim, a conclusão pode ter sofrido interferências”, destacou a delegada.
Segundo a delegada, apenas na próxima segunda-feira o resultado da exumação será encaminhado à 1ª Vara do Tribunal do Júri. “Mas como a conclusão foi prejudicada, ela não deve interferir no desdobramento do processo”, acrescentou.
O principal acusado de assassinar a estudante Aryane Thays Carneiro de Azevedo é o estudante Luis Paes Neto, de 23 anos. Ele foi autorizado a deixar a carceragem da Central de Polícia e ganhar a liberdade nesta quinta-feira (17), em João Pessoa. O motivo foi a expiração do prazo da prisão temporária dele, e a consequente negativa do juiz Marcus William, do 1º Tribunal do Júri Popular da Capital, ao pedido de prisão preventiva, feita pelo promotor Alexandre Varandas, contra o acusado. A partir de agora, o estudante de direito Luis Paes Neto, que passou 59 dias preso, vai responder o processo em liberdade.
Um comentário:
Se o formol utilizado nos procedimentos cadavéricos e processo de decomposição podem ter prejudicado o reconhecimento de possível fármaco utilizado para dopar a vítima, interferindo na conclusão do laudo, cabe a pergunta: Porque ao invés de ficar dando entrevista na imprensa a delegada não se preocupou em fazer o serviço completo de investigação com a solicitação de todos os laudos periciais possíveis no cadáver da vítima ANTES do sepultamento? Por que deixou, como condutora do Inquérito Policial, de cumprir com sua obrigação bem com de por em prática o princípio da oportunidade sabendo de todas as implicações que teria essa omissão de atitude? A delegada não pode desconhecer que o lapso temporal corre contra a produção de prova técnica a partir de laudo cadavérico se ocorre o sepultamento.
A quem interessou essa omissão de diligência? Porque, aparentemente, a polícia se concentrou somente numa linha de investigação, prendendo para investigar, ao invés de investigar para prender? Enquanto se prendeu um suspeito por 2 meses, descartou-se todas as outras linhas de investigação. Enquanto isso, na hipótese de outra autoria, motivação e circunstâncias, a falta de diligencias nestas direções oportunizou se esvair no tempo a produção de provas. Quanto aos três fios de cabelo encontrados no carro do suspeito, interessante é que, pelo que a imprensa divulgou, em nenhum momento o mesmo negou ter estado com a vítima, portanto nada de novo traz essa informação.
Esse modelo de investigação brasileiro, através de inquérito policial, lento e burocrático leva a este tipo de situação. Não consigo entender porque haver mantido o suspeito preso para dois meses depois o trabalho policial revelar-se ineficiente e ineficaz, como restou comprovado com a negativa de prisão preventiva pelo juiz Marcos Williams.
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