Cristina Kirchner ataca de frente; Lula bate de leve
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Cristina Kirchner subiu o tom contra a velha mídia argentina. Não se trata de guerra verbal, mas de ação concreta: a presidenta da Argentina pede a investigação sobre a compra da “Papel Prensa” (principal grupo fornecedor de papel na Argentina) por grupos midiáticos daquele país.
É fácil entender que Cristina tem ótimos argumentos. Em 1976, a “Papel Prensa” foi comprada pelo “Clarin”, o “La Nacion” – os dois maiores jornais argentinos – além de um terceiro diário já extinto. Não foi uma compra normal. A família que controlava a empresa relata que vendeu as ações para os jornais, por um preço muito inferior ao de mercado, porque estava sob pressão da ditadura militar argentina.
Sobre o caso, o jornal “O Globo” (que entende de ditadura como nenhum outro, talvez só com a concorrência da “Folha”) dá uma manchete mentirosa: “Cristina usa ditadura para controlar jornais”. Primeiro, o título dá a entender que Cristina usa métodos ditatoriais. Não é verdade. Ela propõe uma investigação justa, sobre uma transação nebulosa, feita às sombras (aí, sim) da ditadura argentina. Em segundo lugar, não há na ação nada que aponte para o controle dos jornais.
Cristina não fala em fechar jornais, em intimidar jornais, em censurar. Nada disso.
Cristina não fala em fechar jornais, em intimidar jornais, em censurar. Nada disso.
“O Globo”, sim, apoiou um regime que fechou jornais, censurou, prendeu e torturou. “O Globo” tem o telhado de vidro, porque cresceu na estufa da ditadura brasileira. Por isso, ataca Cristina Kirchner. “O Globo” também tem medo de ser investigado.
Lula – até agora, durante 8 anos de governo - abdicara do confronto aberto, preferindo uma dança mais sutil: pequenas escaramuças verbais, uma ou outra farpa lançada na direção da velha (e golpista) mídia brasileira.
Na campanha, Lula parece ter mudado. Será que foram os ataques a Dilma no “JN” da Globo? Ou as perguntas sob encomenda (feitas por tucanos enrustidos) no debate da “Folha”/UOL?
Não se sabe o que foi. Mas Lula resolveu bater. Relembrou a história de 2002, quando o garotão que dirige (?) a “Folha” tentou atacá-lo de forma deselegante durante almoço na sede do jornal. O garotão da “Folha” achava que – por não falar inglês – Lula não pudesse governar o Brasil. No discurso, terça, em Campo Grande, Lula contou a história. E disse mais: “vou terminar meu mandato sem precisar ter almoçado com nenhum jornal, com nenhuma televisão”.
Na Venezuela, Chavez já tinha percebido que a batalha da mídia é a “mãe de todas as batalhas” (isso ficou muito claro depois do golpe de 2002, em que Chavez foi tirado do poder com apoio explícito das TVs e jornais).
Na Argentina, Cristina também já percebeu a importância dessa batalha, e aceitou o combate aberto – com a “Ley de Medios” e a guerra do papel.
Aqui no Brasil, ainda estamos nas escaramuças. Mas o partido comandado formalmente por Dona Judith (a presidenta da Associação Nacional dos Jornais/ANJ declarou que a imprensa é a “verdadeira oposição” no Brasil) não dará tréguas a Dilma num provável governo da petista.
Por isso, aqui também caminharemos para combates cada vez mais abertos. Esse clima não é bom para a democracia, não foi esse o caminho escolhido por Lula e a esquerda – que isso fique bem claro. Mas deixar de travar o bom combate, diante de tantos ataques, seria suicídio.
Lula e Dilma já mostraram que não são suicidas. E parecem dispostos a encarar a mãe de todas as batalhas.
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