quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O passado de Dilma sob o ponto de vista de seus algozes

Por 10 votos a um, o Superior Tribunal Militar concedeu à Folha de S. Paulo o acesso aos autos do processo que levou a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) à prisão, na ditadura (1964-85). Inicialmente negado pelo presidente do STM, Carlos Alberto Soares, sob a alegação de querer evitar o uso político dos documentos, o acesso foi liberado agora pelo plenário do STM, por se trata de um “processo histórico”.

A advogada da Folha, Taís Gasparian, declarou que foi "uma vitória não só da Folha, mas de toda a sociedade". "O STM honrou com sua tradição liberal. É uma vitória um pouco óbvia, já que esse processo jamais poderia ficar sob sigilo."

O jornal terá acesso ao Processo assim que a decisão tomada ontem for publicada no Diário Oficial, o que ocorrerá nos próximos dias.

O direito do jornal acessar os documentos sobre a prisão de Dilma não lhe diminui a responsabilidade de informar que se trata de um “processo” conduzido por um governo ditatorial (não por uma “Ditabranda”), sem qualquer compromisso com a legalidade e, portanto, também sem nenhum compromisso com a verdade. É como se fossemos buscar nos arquivos dos nazistas provas contra judeus.

Dilma estava no campo oposto ao Regime Ditatorial. Isso por si só já deve ser motivo de orgulho. Orgulho este que boa parte de nossa mídia, inclusive a Folha, não pode ostentar, já que os meios de comunicação patrocinaram o golpe e, durante muito tempo, deram sustentação à ditadura.

P.S 1: Independente do que vá se encontrar nesses processos, realizados sob um regime ditatorial, a notícia, se divulgada no período eleitoral, seria um prato feito para opositores de Dilma. Um componente a mais para a campanha sórdida feita por setores conservadores da sociedade, que exploraram a religiosidade e a boa fé do povo brasileiro com objetivos unicamente eleitorais.

P.S 2: Há, infelizmente, uma turma de órfãos da Ditadura. Essa turma que diz que a eleição de Dilma é uma ameaça à democracia, que estamos caminhando para um “regime comunista”. Discursos retrógrados que motivaram o golpe de 1964, que, sob o pretexto de salvar o país da “ameaça comunista", nos jogou nos anos de chumbo, quando qualquer um de nós que fala a bobagem que quiser pela internet poderia ser considerado subversivo.

PS. 3. Recordar é viver. Esse episódio me lembrou a participação de Dilma na CCJ do Senado, quando foi criticada pelo senador José Agripino Maia (DEM-RN), por, tempos antes, ter dito em uma entrevista que mentira sob a ditadura. Nele, Dilma explica as diferenças entre o Regime Democrático e a Ditadura. Encontrei na Internet um artigo interessante do professor Vinicius Cabral, que explica bem o caso e reproduz e transcreve as falas de Dilma. Chamo atenção para a fala final de Dilma, ao lembrar que ela e Agripino “estavam em momentos diferentes de suas vidas”. Agripino serviu à ditadura, tendo sido no final da década de 1970 prefeito nomeado de Natal.


Leia também o texto publicado no Conversa Afiada

Abaixo, o vídeo do dia inesquecível em que Dilma colocou o senador José Agripino Maia, também chamado de "Agripino Culatra", no seu devido lugar:

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