Sem entrar no mérito doutrinário ou religioso, mas analisando do ponto de vista cultural dos povos, o que não deixa de ser religioso, o dia dedicado à memória dos mortos ganha um significado especial num mundo pós-moderno como o nosso, no qual o imediatismo é uma das características principais. Praticamente em todas as culturas dos povos antigos é celebrado um período em memória dos antepassados. Os povos indígenas, por exemplo, celebram intensamente a memória dos seus ancestrais através de cantos, danças, etc. Infelizmente, ainda tem muita gente que ignora esses gestos de homenagens, ou se sentem constrangidos em reverenciar, só após a morte, pessoas que não receberam a devida atenção, por parte dessas mesmas pessoas, enquanto estavam vivas.
Já em relação aos povos cristãos, especialmente aos mais de 1 bilhão de adeptos do catolicismo, o dia em memória dos cristãos mortos, o dia de finados, celebrado no Brasil sempre no dia 02 de novembro, é caracterizado por manifestações religiosas como as missas, e a visita aos cemitérios, colocando nos túmulos dos entes e amigos queridos as populares grinaldas, além das velas acessas, gestos esses, interpretados como tributo e respeito à memória dos falecidos.
Como destacado no início, num mundo do imediatismo e do culto ao corpo, muitas pessoas se esquecem que temos um “rito biológico” a cumprir, no qual nascemos, crescemos, multiplicamos e morremos, e o dia de finados nos faz lembrar esse “rito biológico”. Evidente que não devemos ficar paranóicos pensando no dia da morte. Devemos viver com intensidade a nossa vida efêmera, porém, não desprezando o patrimônio humano, cultural, e tantos outros, deixado pelos entes falecidos. Por isso não deixo de ir ao cemitério e acender, pelo menos uma vela, em tributo aos meus amigos e antepassados.
Postado por Júnior Miranda
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