Por ser comemorado hoje, 26 de julho de 2010, 80 anos da morte de João Pessoa, republico a seguir um texto que postei no ano passado aqui no blog sobre o episódio envolvendo o ex-presidente da Paraíba, João Pessoa, e o jornalista e advogado João Dantas, autor dos disparos com arma de fogo que atingiram o ex-presidente João Pessoa.
João Pessoa versus João Dantas: A polêmica continua*
Nós, acadêmicos de história, aprendemos na faculdade que, em cada fato histórico produzido existem versões e versões. Não podemos dizer que essa história é a verdadeira e aquela outra é a falsa. Cada versão é construída para servir a alguma finalidade. Ou como dizem os nossos professores, as versões, a história, deve ser desconstruída, os monturos devem ser removidos, as versões cristalizadas pela história oficial devem ser questionadas.
Por exemplo, ainda existem no estado da Paraíba algumas sequelas do caso envolvendo o ex-presidente do estado, João Pessoa, e o então jornalista e advogado paraibano João Dantas. Minha intenção aqui não é trazer a tona o revanchismo não, é apenas mostrar um lado que a história oficial talvez não fale. Primeiro é importante deixar claro que a atitude de João Dantas foi desprezível, não se pode tirar a vida de um ser humano por causa de brigas pessoais. As coisas devem ser resolvidas de outra maneira.
Porém, pesquisando sobre o assassinato de João Pessoa acontecido em julho de 1930, percebi que na história que se conta nas escolas paraibanas está faltando detalhes importantes para entendermos melhor o caso. Sempre foi passada uma visão romântica e heróica do episódio. Apesar de o João Dantas ter sido adversário político de João Pessoa, percebe-se que a motivação, se é que podemos utilizar este termo, do assassinato do então presidente da Paraíba, (na época chamava-se presidente e não governador) teria sido além do político. Eis uma versão da história:
Certo dia, o João Dantas teve seu escritório invadido por policiais, supostamente a mando de João Pessoa, os quais estavam em busca de armas, pois João Dantas era acusado de ter participado da famosa Guerra de Princesa, um levante de coronéis da cidade de Princesa Isabel no Sertão da Paraíba. Os coronéis chegaram a declarar a nossa querida cidade sertaneja independente da Paraíba por não concordarem com ações políticas adotadas pelo governo estadual. Durante a invasão ao escritório de João Dantas os policiais acharam algumas cartas íntimas trocadas entre ele e a professora e poetiza paraibana Anaíde Beiriz, e dias depois o conteúdo dessas cartas amorosas foi divulgado pelo jornal A União, de propriedade do governo estadual.
Após o João Dantas ter sido humilhado publicamente através da publicação dessas cartas íntimas que recebeu da professora Anaíde Beiriz, o jornalista resolveu se vingar de João Pessoa, o qual teria autorizado a publicação das cartas no jornal A União (o mesmo jornal motivo de uma das cassações do ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima recentemente. Que sina tem o jornal A União em produzir episódios dramáticos). Depois disso nós paraibanos sabemos o que aconteceu: João Dantas entrou na Confeitaria Glória, no Recife, onde estava João Pessoa, e disparou vários tiros contra o então presidente da Paraíba, atingindo o peito e falecendo no local.
O curioso é que João Dantas e o cunhado que o acompanhava, o Moreira Caldas, foram encontrados degolados meses depois, e outros aliados seus também foram assassinados, a exemplo do pai do escritor Ariano Suassuna, o ex-governador da Paraíba João Suassuna. Já a professora que tinha um caso amoroso com João Dantas, a jovem Anaíde Beiriz, foi encontrada morta em Recife, provavelmente envenenada, um suicídio, tinha apenas 25 anos.
Por exemplo, ainda existem no estado da Paraíba algumas sequelas do caso envolvendo o ex-presidente do estado, João Pessoa, e o então jornalista e advogado paraibano João Dantas. Minha intenção aqui não é trazer a tona o revanchismo não, é apenas mostrar um lado que a história oficial talvez não fale. Primeiro é importante deixar claro que a atitude de João Dantas foi desprezível, não se pode tirar a vida de um ser humano por causa de brigas pessoais. As coisas devem ser resolvidas de outra maneira.
Porém, pesquisando sobre o assassinato de João Pessoa acontecido em julho de 1930, percebi que na história que se conta nas escolas paraibanas está faltando detalhes importantes para entendermos melhor o caso. Sempre foi passada uma visão romântica e heróica do episódio. Apesar de o João Dantas ter sido adversário político de João Pessoa, percebe-se que a motivação, se é que podemos utilizar este termo, do assassinato do então presidente da Paraíba, (na época chamava-se presidente e não governador) teria sido além do político. Eis uma versão da história:
Certo dia, o João Dantas teve seu escritório invadido por policiais, supostamente a mando de João Pessoa, os quais estavam em busca de armas, pois João Dantas era acusado de ter participado da famosa Guerra de Princesa, um levante de coronéis da cidade de Princesa Isabel no Sertão da Paraíba. Os coronéis chegaram a declarar a nossa querida cidade sertaneja independente da Paraíba por não concordarem com ações políticas adotadas pelo governo estadual. Durante a invasão ao escritório de João Dantas os policiais acharam algumas cartas íntimas trocadas entre ele e a professora e poetiza paraibana Anaíde Beiriz, e dias depois o conteúdo dessas cartas amorosas foi divulgado pelo jornal A União, de propriedade do governo estadual.
Após o João Dantas ter sido humilhado publicamente através da publicação dessas cartas íntimas que recebeu da professora Anaíde Beiriz, o jornalista resolveu se vingar de João Pessoa, o qual teria autorizado a publicação das cartas no jornal A União (o mesmo jornal motivo de uma das cassações do ex-governador da Paraíba Cássio Cunha Lima recentemente. Que sina tem o jornal A União em produzir episódios dramáticos). Depois disso nós paraibanos sabemos o que aconteceu: João Dantas entrou na Confeitaria Glória, no Recife, onde estava João Pessoa, e disparou vários tiros contra o então presidente da Paraíba, atingindo o peito e falecendo no local.
O curioso é que João Dantas e o cunhado que o acompanhava, o Moreira Caldas, foram encontrados degolados meses depois, e outros aliados seus também foram assassinados, a exemplo do pai do escritor Ariano Suassuna, o ex-governador da Paraíba João Suassuna. Já a professora que tinha um caso amoroso com João Dantas, a jovem Anaíde Beiriz, foi encontrada morta em Recife, provavelmente envenenada, um suicídio, tinha apenas 25 anos.
E assim terminou o trágico episódio que teria começado pelas cartas de João Dantas divulgadas pelo o outro João, o Pessoa, culminando com o assassinato do ex-presidente do Estado da Paraíba, fato esse considerado ( !? ) o estopim da chamada Revolução de 1930, com a chegada Getúlio Vargas ao poder através de um golpe de estado, impedindo a posse do presidente eleito Júlio Prestes. João Pessoa era candidato a vice-presidente ao lado de Getúlio Vargas.
.
*(post atualizado as 16:00h)
4 comentários:
Cumpadi Júnior Miranda, bom dia!
Só agora li este excelente texto, a partir do Com Texto Livre que o publicou. Não o fiz antes porque o seu blog estava desatualizado aqui no meu painel. Removi o seu link e o inseri novamente. Agora está tudo tinindo. Parabéns pelo texto!
Grande Abraço!
Eu que agradeço por ter reblogado o texto cumpadi DiAfonso. Agradeço tbm pelo e-mail enviado.
Saudações paraibanas!
Parabens pelo teor da postagem Júnior, explicações e subcidios importantes para nós nos aprofundar. valeuu!
Obrigado Zé, a interação do conhecimento é importante. Vlw!
Postar um comentário