Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) não deveria ser utilizado para avaliar as escolas brasileiras, de acordo com a representante do Conselho de Governança do movimento Todos pela Educação, Wanda Engel. Segundo ela, a prova, por ser voluntária, é capaz de avaliar apenas o desempenho do próprio aluno.
“Quando a gente diz que a escola tal teve melhor resultado, temos que ver qual o percentual de alunos que fez o exame. Podem ter pego os melhores estudantes. O Enem não é resultado para listar escola, mas para dar oportunidade no acesso à universidade. Só faz o Enem o aluno que tem alguma intenção de ir pra universidade, uma minoria”, disse.
Em entrevista à Agência Brasil, Wanda avaliou que somente um exame universal e obrigatório ao final do ensino básico será capaz de listar as melhores e as piores escolas do país. “Não se sabe nem quantas escolas fizeram esse Enem”, disse, ao se referir à lista de mais de 36 mil instituições divulgadas pelo Inep. Várias delas chegam a aparecer até três vezes no ranking – com uma média relativa ao ensino regular, uma relativa ao Ensino de Jovens e Adultos (EJA) e uma geral. Há ainda colégios citados como avaliados, mas que não têm nota mencionada.
Outro fator importante a ser considerado em relação ao uso do resultado Enem como referência de qualidade da instituição de ensino, de acordo com a especialista, é que algumas escolas avaliadas inscrevem cerca de 90% de seus alunos enquanto outras ficam em torno de 10% de inscritos. “É uma má utilização usá-lo [o resultado do Enem] para avaliar escolas”, reforçou.
Entretanto, Wanda destacou um ponto positivo com a realização do Enem. Segundo ela, desde o momento em que ferramentas de controle de desempenho da educação foram adotadas pelo governo, estados e municípios passaram a cobrar mais de suas próprias redes de ensino. “A gente não pode deixar de reconhecer que as escolas públicas têm feito um esforço crescente na melhoria de qualidade”, disse. “Pode ser uma injustiça com as escolas públicas colocá-las como últimas. Elas ainda não chegaram lá, mas estão caminhando nesse sentido”, completou.
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