Uma campanha promovida pelos Centros Acadêmicos de Geografia, História, Letras e Pedagogia do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba em Guarabira, com o apoio do Diretório Central dos estudantes da UEPB, gestão Correnteza 2009, está causando uma grande polêmica entre os professores e estudantes da universidade. Intitulada: Olho vivo no professor, essa campanha pretende “fiscalizar” a frequencia dos professores universitários do campus, pois segundo os estudantes, alguns professores estão faltando constantemente às aulas. No entanto, o que chamou a atenção de alguns professores e estudantes foram os termos publicados no folheto da campanha distribuído na universidade. Outros reclamam da quebra da “hierarquia”, e ainda, da falta de diálogo dos centros acadêmicos envolvidos na campanha com a direção do campus. Uma das expressões utilizadas no folheto diz o seguinte: “situações drásticas merecem medidas extremas”, ou, os professores “são apenas funcionários públicos que são pagos para prestar serviços”, frases que foram interpretadas, por alguns, como expressões do período da ditadura militar no Brasil, e que vieram se juntar a figura da campanha: um detetive com uma lupa, interpretada como intimidação aos professores.
Na minha turma de história discutimos essa campanha junto com alguns professores baseando-nos nas teses de Michel Foucault sobre os discursos de poder ou as relações do poder e com o poder. De um lado estão os representantes dos estudantes, muitos dos quais são criticados, ou acusados, de também serem ausentes nas aulas, pressionando, exigindo, reclamando de alguns professores. Do outro lado, estão os professores rebatendo, não cedendo às pressões dos estudantes. Essas relações de poder, esses conflitos, acontecem justamente no período da eleição da nova direção do campus de Guarabira. Coincidência ou algo premeditado?
Além da polêmica campanha ”olho vivo no professor”, existe também nos bastidores da UEPB em Guarabira uma conhecida disputa pela direção do campus. De um lado o candidato e competente professor Belarmino Mariano Neto, o qual foi meu professor na época em que cursei Geografia. Ele disputa o cargo de diretor do campus III numa chapa única composta por outros professores da universidade.
Porém, nos bastidores comenta-se que existe uma ala liderada por uma ex-diretora e outros docentes que tenta impedir a eleição de Berlamino, convocando os alunos a votarem em branco nas próximas eleições, alegando que o candidato teria sido contrário a permanência de alguns cursos do campus de Guarabira, mas alguns dizem que foi uma “jogada” dos adversários para “queimar” seu nome perante os alunos. Já outros dizem que foi o próprio professor Belarmino e alguns representants de CA's que induziram ou estão induzindo os estudantes a boicotarem determinadas candidaturas.
Contudo, esses discursos ou relações de poder existem em qualquer instituição. Tanto a campanha dos representantes dos estudantes, quanto à disputa para a direção do campus, fazem parte do “jogo” pelo poder. Pelos menos essas polêmicas servem para que nós discutamos essa característica indissociável do ser humano, a busca pelo poder. E também para que não percamos a capacidade da crítica, ainda mais na universidade, mais um espaço onde se deve produzir o conhecimento. Os debates são importantes, mas fica a pergunta aos acadêmicos: qual o discurso de poder você vai legitimar no campus da UEPB em Guarabira?